A Riqueza das Redes - Capítulo 1: Difference between revisions

From Yochai Benkler - Wealth of Networks
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== Introdução: Um Momento de Oportunidade e Desafios==


Informação, conhecimento e cultura são centrais para a liberdade e o desenvolvimento humano. A forma como são produzidos e trocados em nossa sociedade afeta criticamente nossa visão do mundo como ele é e como poderia ser; quem decide essas questões; e como nós, como sociedades e governos, vimos a entender o que pode e o que deve ser feito. Durante mais de 150 anos, democracias modernas complexas têm dependido em grande medida de uma economia industrial da informação para estas funções básicas. Nos últimos 15 anos, nós começamos a ver uma mudança radical na organização da produção de informação. Habilitados pela mudança tecnológica, estamos começando a ver uma série de adaptações econômicas, sociais e culturais que tornam possível uma transformação radical na forma como construímos o ambiente informacional que ocupamos como indivíduos autônomos, cidadãos e membros de grupos culturais e sociais. Parece ultrapassado hoje em dia falar da "Revolução da Internet". Em alguns círculos acadêmicos, isto é verdadeiramente ingênuo. Mas não deveria ser. A mudança trazida pelo ambiente da rede de informações é profunda. É estrutural. Ela vai até as bases de como mercados e democracias liberais têm co-evoluído por quase dois séculos.
Informação, conhecimento e cultura são centrais para a liberdade e o desenvolvimento humano. A forma como são produzidos e trocados em nossa sociedade afeta criticamente nossa visão do mundo como ele é e como poderia ser; quem decide essas questões; e como nós, como sociedades e governos, vimos a entender o que pode e o que deve ser feito. Durante mais de 150 anos, democracias modernas complexas têm dependido em grande medida de uma economia industrial da informação para estas funções básicas. Nos últimos 15 anos, nós começamos a ver uma mudança radical na organização da produção de informação. Habilitados pela mudança tecnológica, estamos começando a ver uma série de adaptações econômicas, sociais e culturais que tornam possível uma transformação radical na forma como construímos o ambiente informacional que ocupamos como indivíduos autônomos, cidadãos e membros de grupos culturais e sociais. Parece ultrapassado hoje em dia falar da "Revolução da Internet". Em alguns círculos acadêmicos, isto é verdadeiramente ingênuo. Mas não deveria ser. A mudança trazida pelo ambiente da rede de informações é profunda. É estrutural. Ela vai até as bases de como mercados e democracias liberais têm co-evoluído por quase dois séculos.

Revision as of 16:16, 11 January 2007

Introdução: Um Momento de Oportunidade e Desafios

Informação, conhecimento e cultura são centrais para a liberdade e o desenvolvimento humano. A forma como são produzidos e trocados em nossa sociedade afeta criticamente nossa visão do mundo como ele é e como poderia ser; quem decide essas questões; e como nós, como sociedades e governos, vimos a entender o que pode e o que deve ser feito. Durante mais de 150 anos, democracias modernas complexas têm dependido em grande medida de uma economia industrial da informação para estas funções básicas. Nos últimos 15 anos, nós começamos a ver uma mudança radical na organização da produção de informação. Habilitados pela mudança tecnológica, estamos começando a ver uma série de adaptações econômicas, sociais e culturais que tornam possível uma transformação radical na forma como construímos o ambiente informacional que ocupamos como indivíduos autônomos, cidadãos e membros de grupos culturais e sociais. Parece ultrapassado hoje em dia falar da "Revolução da Internet". Em alguns círculos acadêmicos, isto é verdadeiramente ingênuo. Mas não deveria ser. A mudança trazida pelo ambiente da rede de informações é profunda. É estrutural. Ela vai até as bases de como mercados e democracias liberais têm co-evoluído por quase dois séculos.

Diversas mudanças tecnológicas, na organização econômica e nas práticas sociais de produção neste ambiente criaram novas oportunidades para produzirmos e trocarmos informações, conhecimento e cultura. Essas mudanças favoreceram um aumento de produção não-proprietária e fora do sistema de mercado, tanto por indivíduos sozinhos como por esforços cooperativos numa vasta gama de colaborações solta ou fortemente entrelaçadas. Essas práticas emergentes têm apresentado sucesso notável em áreas tão diversas quanto desenvolvimento de software e jornalismo investigativo, vídeo avant-garde e jogos online para múltiplos jogadores. Juntas, elas sugerem a iminência de um novo ambiente de informação em que indivíduos são livres para ter uma participação mais ativa do que era possível na economia industrial de informação do século XX. Essa nova liberdade traz grandes promessas práticas: como uma forma de liberdade individual; como uma plataforma para melhor participação democrática; como um meio de fomentar uma cultura mais crítica e auto-reflexiva; e, numa economia global cada vez mais dependente da informação, um mecanismo para obter melhorias no desenvolvimento humano em todo lugar.

O surgimento de maior espaço para a produção individual e cooperativa de informação e cultura fora do sistema de mercado, porém, ameaça aqueles que já existem na economia industrial de informação. No início do século vinte e um, nos encontramos no meio de uma batalha sobre a ecologia institucional do ambiente digital. Uma vasta gama de leis e instituições – desde amplas áreas como telecomunicações, direito autoral, regulação do comércio internacional, até minúcias como as normas para o registro de nomes de domínios ou se receptores de televisão digital deverão, por lei, reconhecer um código específico – estão sendo interpretadas e desfiguradas em uma tentativa de desnivelar o campo de jogo em favor de um jeito ou de outro de se fazer as coisas. A forma como essas batalhas se desenrolarão na próxima década provavelmente afetarão significantemente a maneira pela qual ficamos sabendo o que acontece no mundo que ocupamos, e em qual a extensão e em que formas nós poderemos – como indivíduos autônomos, cidadãos, e participantes em culturas e comunidades – afetar a forma que nós e outros vêem o mundo como ele é e como poderá ser.

Parte Um. A Emersão da Economia de Informação em Rede

Hoje as economias mais avançadas do mundo têm feito duas mudanças paralelas que, paradoxalmente, tornam possível a atenuação das limitações que a produção baseada no mercado impõe na busca de valores políticos que são centrais para sociedades liberais. A primeira mudança, que vem ocorrendo por mais de um século, é em direção a uma economia baseada na produção de informação (serviços financeiros, contabilidade, software, ciência) e cultural (filmes, música), e a manipulação de símbolos (desde a fabricação de tênis à sua associação com uma marca e a produção da importância cultural do “Swoosh”). A segunda é a mudança para um ambiente de comunicação construído sobre processadores baratos com altas capacidades computacionais, interconectados em uma rede impregnante - fenômeno que nós associamos à Internet. É essa segunda mudança que permite um papel crescente na produção fora do sistema de mercado nos setores de informação e cultura, organizada em um padrão radicalmente mais descentralizado do que era a verdade desse setor no século vinte. A primeira mudança significa que esses novos padrões de produção – fora do sistema de mercado e radicalmente descentralizados – emergirão, se permitido, no centro, e não na periferia, das mais desenvolvidas economias. Ela promete viabilizar que a produção social e a troca tenham um papel muito maior, juntamente com a propriedade e a produção de mercado, que ela jamais teve nas democracias modernas.

A primeira parte deste livro é dedicada ao estabelecimento de uma série de observações econômicas básicas. O argumento que a cobre é que estamos presenciando a emersão de um novo estágio na economia da informação, que eu chamo de “economia de informação em rede”. Ela está substituindo a economia industrial da informação que caracterizou a produção desde a metade do século dezenove e por todo o século vinte. O que caracteriza a economia de informação em rede é que a ação individual descentralizada – especificamente, nova e importante ação cooperativa e coordenada por meio de mecanismos radicalmente distribuídos e fora do sistema de mercado que não dependem de estratégias proprietárias – tem um papel muito maior do que tinha, ou poderia ter, na economia da informação industrial. O catalisador para essa mudança é o acaso da fabricação da tecnologia computacional, e seu efeito amadurecedor em todas as tecnologias de comunicação e armazenamento. O preço em declínio da computação, comunicação e armazenamento colocaram nas mãos de uma significativa porção da população mundial, na prática, os meios de produção de informação e cultura. O principal diferenciador da produção de comunicação, informação e cultura desde meados do século dezenove era que a efetiva comunicação alcançando a sempre crescentes sociedades e geografias que vieram a compor as unidades relevantes de política e economia da época requeriam um sempre crescente investimento de capital físico. A imprensa física de ampla circulação, o sistema telégrafo, poderosos transmissores de rádio e mais tarde de televisão, cabos e satélites, e o computador “mainframe” se tornaram necessários para produzir informação e comunicá-la em escalas que fossem além do próprio local.

A retirada das amarras físicas na efetiva produção de informação fez a criatividade humana e a economia da própria informação as centrais razões de estruturação na nova economia de informação em rede. Estas têm características bem diferentes do carvão, aço, e trabalho manual, que caracterizaram a economia industrial e estruturaram a base de nossos pensamentos sobre a produção econômica no século passado. Elas levam a três observações sobre o sistema de produção de informações emergente. Primeiro, estratégias não-proprietárias sempre foram mais importantes do que na produção de aço ou automóveis, mesmo quando a economia da comunicação pesou a favor dos modelos industriais. Na medida em que essa barreira material que em última instância conduziu grande parte da produção da informação em direção a estratégias proprietárias e de mercado é removida, essas motivações básicas não proprietárias e fora do sistema de mercado devem, em princípio, se tornar ainda mais importantes para o sistema de produção de informação.

Segundo, na verdade nós presenciamos um grande crescimento na importância da produção fora do sistema de mercado. Indivíduos podem alcançar e informar ou inspirar milhões por todo o mundo. Tal alcance simplesmente não estava disponível para dar um motivação diferente para os indivíduos, que tinham que canalizar seus esforços ou por instituições do mercado ou por ações fundeadas por filantropos ou pelo estado. O fato de todos essas ações estarem disponíveis a todos que estejam ligados à rede, em qualquer lugar, levou ao surgimento de efeitos coordenados, no qual o efeito agregado da ação individual, mesmo quando não é conscientemente cooperativo, produz o efeito coordenado de um novo e rico ambiente de informação. É necessário apenas fazer uma pesquisa no Google em qualquer assunto de seu interesse para ver como a “boa informação”, que é a resposta à pesquisa feita, é produzida pelos efeitos coordenados das ações descoordenadas de uma vasta gama de indivíduos e organizações agindo com um grande leque de motivações – tanto de mercado como fora do sistema de mercado, estatais e não estatais.

Terceiro, e provavelmetne o mais radical, novo, e difícil para observadores perceberem, é o surgimento de esforços por pares em grande escala na produção de informação, conhecimento e cultura. Estes são tipificados pela emersão do software livre e de código aberto. Nós estamos começando a ver a expansão desse modelo não apenas nas nossas plataformas centrais de software, mas além delas dentro de todos os campos de produção de informação e cultura - e esse livro toca estes em muitos campos diferentes - desde a produção por pares de enciclopédias, a notícias e comentários, a entretenimento de imersão.

É fácil não perceber essas mudanças. Elas vão contra as nossas mais básicas intuições de Economia, intuições baseadas em uma economia industrial em uma época em que a única alternativa vista como séria era o Comunismo estatal – uma alternativa considerada quase universalmente ruim hoje. O inegável sucesso econômico do software livre levou alguns economistas de vanguarda a tentar entender porque milhares de desenvolvedores de software frouxamente interligados podem competir com a Microsoft no seu próprio jogo e produzir um enorme sistema operacional – GNU/Linux. Essa crescente literatura, em linha com seus próprios objetivos, tem se focado no software e nas particularidades das comunidades de desenvolvimento de software livre e de código aberto, não obstante a noção de “inovação impulsionada pelo usuário” de Eric von Hippel ter começado a expandir o foco do pensamento sobre como necessidade individual e criatividade impulsionam o desenvolvimento no nível individual, e a sua difusão por meio de redes de indivíduos com a mesma motivação. As implicações políticas do software livre têm sido centrais para o movimento do software livre e seu fundador, Richard Stallman, e foram provocativamente desenvolvidas por Eben Moglen. Software livre é apenas um exemplo proeminente de um fenômeno muito maior. Por que cinqüenta mil voluntários podem, com sucesso, ser co-autores da Wikipedia, a mais séria alternativa on line da Enciclopédia Britânica, e depois entregar a obra de graça? Por que 4.5 milhões de voluntários contribuem com o que sobra do ciclo de computação de seus computadores para criar o mais poderoso supercomputador da Terra, SETI@Home? Sem um modelo analítico amplamente aceito para explicar esses fenômenos, nós tendemos a tratá-los como curiosidades, talvez uma moda passageira, possivelmente significante em um segmento de mercado ou em outro. Ao invés disso nós devemos tentar vê-los pelo que são: um novo modelo de produção emergindo no meio das mais avançadas economias do mundo – essas são as mais integradas em redes de computadores e nas quais produtos e serviços de informação vieram a ocupar os papéis mais valorizados.

Os seres humanos são, e sempre foram, seres motivados de diversas maneiras. Nós agimos instrumentalmente, mas também não instrumentalmente. Nós agimos por ganho material, mas também por bem estar psicológico e gratificação, e por união social. Não há nada de novo ou extraordinário nisso, exceto talvez para alguns economistas. Na economia industrial em geral, e na economia industrial da informação também, a maioria das oportunidades para se fazer coisas que eram valiosas ou importantes para muitas pessoas eram restritas pelo capital físico necessário para que fossem feitas. Do motor a vapor à linha de produção, da imprensa de dupla rotação aos satélites de comunicação, as amarras do capital nas atividades eram tais que a simples vontade de se fazer algo raramente era condição suficiente para habilitar alguém a fazê-lo. Financiar o capital físico, por sua vez, necessariamente orientava projetos que necessitavam de muito capital na direção de estratégias de produção e organização que justificassem esse investimento. Em economias de mercado isso significava orientar na direção da produção de mercado. Em economias geridas pelo estado, isso significava orientar a produção na direção dos objetivos da burocracia estatal. Em qualquer caso, a liberdade individual prática de cooperar com outros na elaboração de coisas de valor era limitada pela extensão dos requerimentos de capital da produção.

Na economia de informação em rede, o capital físico necessário para a produção é amplamente distribuído pela sociedade. Computadores pessoais e conexões de rede são ubíquos. Isso não significa que eles não possam ser usados por mercados, ou que indivíduos deixem de buscar oportunidades de mercado. Isso significa, porém, que sempre que alguém, em qualquer lugar, dentre os bilhões de seres humanos conectados, e em última instância dentre todos os que estarão conectados, queria fazer alguma coisa que requeira criatividade humana, um computador e uma conexão de rede, ele ou ela poderá fazê-lo sozinho, ou em cooperação com outros. Ele ou ela já tem a capacidade de capital necessário para tanto; se não sozinho, então pelo menos em cooperação com outros indivíduos agindo por razões complementares. O resultado é que significantemente mais daquilo que os seres humanos dão valor pode ser feito por indivíduos, que interagem uns com os outros socialmente, como seres humanos e como seres sociais, ao invés de como agentes de mercado por um sistema de preços. Algumas vezes, em situações que especificarei com mais detalhes, essas colaborações fora do sistema de mercado podem ser melhores no esforço motivacional e podem permitir pessoas criativas trabalharem em projetos de informação mais eficientemente que os mecanismos tradicionais corporativos e de mercado. O resultado é um setor florescente de produção de informação, conhecimento e cultura fora do sistema de mercado, baseado no ambiente de rede, e aplicado a qualquer coisa que muitos indivíduos conectados podem imaginar. Seus resultados, por sua vez, não são tratados como propriedade exclusiva. Eles são, ao contrário, objeto de uma crescentemente robusta ética de compartilhamento aberto, aberto para que todos os demais construam a partir deles, estendam, e façam o deles próprio.

Porque a presença e importância de produção fora do sistema de mercado se tornam tão contra-intuitivas para pessoas vivendo em economias de mercado no fim do século vinte, a parte I deste volume é razoavelmente detalhada e técnica; pois superar o que nós intuitivamente “sabemos” requer uma análise disciplinada. Leitores não inclinados a análises econômicas devem pelo menos ler a introdução à parte I, os segmentos intitulados “Quando a Produção de Informação Encontra o Comutador” e “Diversidade de Estratégias no nosso Atual Sistema de Produção” no capítulo 2, e os casos de estudo no capítulo 3. Estes devem dar uma idéia suficiente do que eu quero dizer por diversidade de estratégias de produção para informação e a emersão da produção individual e cooperativa fora do sistema de mercado, que serve de base para as partes mais orientadas às normas deste livro. Leitores que são genuinamente céticos quanto à possibilidade de a produção fora do sistema de mercado ser sustentável e efetiva, e em muitos casos é uma estratégia eficiente de produção de informação, conhecimento e cultura, devem dedicar tempo à leitura da parte I integralmente. A emersão precisamente dessa possibilidade e prática resta no coração de minhas alegações sobre a forma como compromissos liberais são traduzidos em experiências vividas no ambiente de rede, e forma a fundação fática da discussão político-teórica e jurídico-institucional de que se ocupa o restante desse livro.

Economia de Informação em Rede e Sociedade Liberais Democráticas

Como nós fazemos informação, como nós a obtemos, como nos dirigimos aos demais, e os demais se dirigem a nós são componentes centrais que formam a liberdade em qualquer sociedade. A Parte II deste livro dá uma visão detalhada de como as mudanças de custo tecnológicas, econômicas e sociais do ambiente de informação em rede afetam uma série de compromissos centrais de uma vasta gama de democracias liberais. Basicamente a alegação é de que a diversidade de meios de organizar a produção e uso de informação abre uma gama de possibilidades para buscar valores políticos centrais em sociedades liberais – liberdade individual, um sistema político mais genuinamente participatório, uma cultura crítica, e justiça social. Estes valores dão vetores de moralidade política no curso dos quais a forma e dimensões de qualquer sociedade liberal podem ser tramadas. Tendo em vista que as implicações de suas políticas práticas geralmente são contraditórias, ao invés de complementares, a busca de cada um impõe certos limites na forma como buscamos os outros, levando diferentes sociedades liberais a respeitá-las de diferentes maneiras. O quanto uma sociedade limita os poderes decisórios da maioria em favor da liberdade individual, ou o quanto ela busca justiça social, sempre foram atributos que definem os contornos políticos e natureza daquela sociedade. Mas os fatores econômicos da produção industrial, e a busca de produtividade e crescimento, impuseram um limite na forma em que podemos buscar uma combinação de arranjos para implementar nosso compromisso com a liberdade e a justiça. Singapura é geralmente exposta como um exemplo extremo da troca entre liberdade por bem-estar, mas todas as democracias com economias capitalistas avançadas fizeram em parte tal troca. Previsões de quão bem seremos capazes de nos alimentar serão sempre uma importante consideração ao se pensar, por exemplo, a democratização da produção de trigo, ou fazê-la mais igualitária. Esforços para avançar democracia no local de trabalho frequentemente afundam nas águas rasas – reais ou imaginadas – desses limites, da mesma forma que diversos planos para redistribuição em nome da justiça social. A produção de mercado e proprietária geralmente parece produtiva demais para que se mexa nela. A emersão da economia de informação em rede promete expandir os horizontes da imaginação política viável. As diferentes formas de governo podem buscar diferentes combinações de respeito por diferentes compromissos liberais. No entanto, o abrangente limite representado pela percepção de necessidade do modelo industrial de produção de informação e cultura mudou significantemente como uma limitação efetiva na busca de compromissos liberais.

Autonomia Ampliada

A economia de informação em rede melhora a capacidade prática de indivíduos em três dimensões: (1) ela melhora a capacidade dos indivíduos de fazer mais para e por eles próprios; (2) ela aumenta a sua capacidade de fazer mais comunalmente com outros, sem ser limitado a organizar a sua relação por um sistema de preços ou por sistemas tradicionais hierárquicos tradicionais de organizações sociais e econômicas; e (3) ela melhora a capacidade de indivíduos fazerem mais em organizações formais que operam fora da esfera do mercado. Essa autonomia ampliada está no centro de todas as outras melhorias que eu descrevo. Indivíduos estão usando a sua recém expandida liberdade prática para agir e cooperar com outros em formas que melhoram a experiência praticada da democracia, justiça e desenvolvimento, uma cultura crítica e comunidade. Eu começo, portanto, com uma análise econômica da autonomia individual. Primeiro, indivíduos podem fazer mais por eles próprios independentemente da autorização ou cooperação de outros. Eles podem criar as suas próprias expressões, assim como buscar a informação que precisam, com substancialmente menos dependência da mídia de massa do século vinte. Segundo, e não menos importante, indivíduos podem fazer mais em uma afiliação frouxa com outros, ao invés de precisar de relações estáveis e duradouras, como relações entre colegas de trabalho, ou participação em organizações formais, para concretizar uma cooperação efetiva. Muitos poucos indivíduos vivendo na economia industrial de informação poderiam, em qualquer senso realista, decidir construir a nova Biblioteca de Alexandria de alcance global, ou de criar uma enciclopédia. Na medida em que a colaboração entre indivíduos distantes entre si se torna mais comum, a idéia de se fazer coisas que requerem colaboração com outros se torna muito mais alcançável, e a gama de projetos que indivíduos podem escolher como deles próprios aumenta qualitativamente. A própria fluidez e pouco compromisso requerido em qualquer relação cooperativa aumenta a gama e diversidade de cooperação nas quais as pessoas podem entrar, e, portanto, de projetos colaborativos que eles podem imaginar como abertos para eles. Estas formas nas quais autonomia é aumentada requerem uma concepção consideravelmente rica de autonomia como uma experiência prática vivida, ao invés de uma concepção formal preferida por muitos que pensam a autonomia como um conceito filosófico. Mas mesmo de uma perspectiva mais estreita, a qual cobre concepções mais amplas de autonomia, no mínimo podemos dizer que os indivíduos são menos suscetíveis a manipulação por uma classe de outros legalmente definida – os proprietários das infra-estruturas de comunicações e mídia. A economia de informação em rede dá uma variedade de plataformas alternativas para comunicação, de tal forma que ela modera o poder do modelo de mídia de massa tradicional, onde propriedade dos meios de comunicação possibilita um proprietário a selecionar o que os outros vêem, e assim afetar as suas percepções do que eles podem e não podem fazer. Mais ainda, a diversidade de perspectivas na forma como o mundo é e como ele poderia ser para qualquer indivíduo é qualitativamente aumentada. Isso dá a indivíduos um papel significantemente maior na autoria de suas próprias vidas, ao possibilitá-los de perceber uma maior gama de possibilidades, e de dá-los uma base mais rica contra a qual medirão as escolhas que eles fazem de fato.

Democracia: A Esfera Pública Interligada

A segunda importante conseqüência da economia de informação em rede é que permite a mudança de uma esfera pública de veiculação de mídia em massa para uma esfera pública interligada. Essa mudança é também baseada na crescente liberdade desfrutada pelos indivíduos na criação de informação e conhecimento, e as possibilidades que ela apresenta para uma nova esfera pública emergir ao lado do mercado da mídia de massa comercial. A idéia de que a Internet democratiza não é nova. Tem sido um dos principais temas da literatura sobre a Internet desde o início dos anos noventa. A primeira geração de argumentos, relativamente simples, sobre os efeitos libertadores da Internet, resumidos na celebração da Suprema Corte dos Estados Unidos de seu potencial de fazer de todos panfletistas, veio sob uma variedade de críticas e ataques no curso da última meia década. Aqui, eu ofereço uma análise detalhada de como a emersão de uma economia de informação em rede em particular, como uma alternativa para a mídia de massa, melhora a esfera política pública. A primeira geração de críticas ao efeito democratizante da Internet era baseada em várias conseqüências do problema de excesso de informação, ou a objeção de Babel. De acordo com a objeção de Babel, quando todos podem falar, ninguém consegue ouvir, e nós regressamos a uma cacofonia ou à re-emersão do dinheiro como o fator distintivo entre declarações que são ouvidas e aquelas que chafurdam na obscuridade. A segunda geração de críticas era de que a Internet não é descentralizada como acreditávamos nos anos noventa. O padrão de uso da Internet mostra que poucos sítios capturam uma um volume absurdamente grande de atenção e milhões de sítios passam despercebidos. Neste mundo, a objeção de Babel é talvez evitada, mas às custas da promessa da Internet como um meio democrático.

Nos capítulos 6 e 7, eu ofereço uma análise detalhada e atualizada disso, talvez o melhor e mais combativo argumento sobre os efeitos liberalizantes da Internet. Primeiro, é importante entender que quaisquer considerações sobre os efeitos democratizantes da Internet devem medir seus efeitos em comparação com a esfera pública baseada em mídias de massa e comercial e não comparada com uma utopia idealizada que nós adotamos uma década atrás de como a Internet poderia ser. As mídias de massa comercial que dominaram as esferas públicas de todas as democracias modernas foram extensivamente estudadas. Elas foram mostradas em literatura extensiva exibindo uma série de falhas destas como plataforma para o discurso público. Primeiro, elas propiciam uma bacia relativamente pequena para receber opiniões – ou seja, observações e preocupações de pessoas demais em sociedades complexas modernas ficam despercebidas e não atendidas pelo pequeno grupo de jornalistas comerciais encarregados de perceber o alcance de temas de interesse público em uma dada sociedade. Segundo, particularmente onde o mercado é concentrado, elas dão aos seus proprietários poder excessivo para dar forma à opinião e à informação. Eles podem usar esse poder eles próprios, ou vendê-lo para o maior lance. E terceiro, toda vez que os donos das mídias comerciais escolhem por não exercer o seu poder dessa forma, eles então tendem a programar em direção ao vazio e calmante, ao invés de em direção ao que seja engajante politicamente, e eles tendem a simplificar em exagero discussões públicas complexas. Na formação dessas limitações da mídia de massa, eu sugiro que uma esfera pública interligada possibilita muito mais indivíduos comunicarem suas observações e pontos de vista a muitos outros, e fazê-lo de modo que não pode ser controlado pelos donos da mídia e não é facilmente corrompido pelo dinheiro assim como a mídia de massa.

A literatura empírica e teórica sobre a topologia e uso de rede dá resposta a todas as principais críticas ao argumento de que a Internet melhora a estrutura da esfera pública. Em particular eu mostro como uma vasta gama de mecanismos – começando de uma simples lista de postagem, passando por sítios de Rede estáticos, a emersão de capacidades de escrita na Rede, e mobilidade – está sendo misturada em um sistema social para a coleção de informação política, observações e comentários salientes, e provendo uma plataforma para discurso. Essas plataformas solvem uma das principais limitações da mídia de massa comercial e concentrada como a principal plataforma da esfera pública em democracias contemporâneas complexas. Elas possibilitam qualquer um, em qualquer lugar, observando o ambiente social por novos olhos – os olhos de alguém que pode injetar um pensamento, uma crítica, ou a preocupação no debate público. Indivíduos se tornam menos passivos, e assim observadores mais engajados de espaços sociais que podem potencialmente se tornar assuntos para conversa política; eles se tornam participantes mais engajados nos debates sobre as suas observações. Os vários formatos da esfera pública interligada dão a qualquer um um canal para falar, inquirir, investigar, sem a necessidade de acessar os recursos de uma organização de mídia de massa. Estamos vendo a emersão de métodos novos e descentralizados para o preenchimento da função de vigia e para o engajamento em debate e organização política. Estes estão sendo realizados em uma forma distintivamente fora do sistema de mercado, em modos que teriam sido muito mais difíceis de buscar efetivamente, como uma parte comum na construção da esfera pública, antes do ambiente de informação em rede. Trabalhando através de exemplos detalhados, eu tento dar ao otimismo acerca das vantagens democráticas na esfera pública interligada um argumento completamente especificado.

A esfera pública interligada também começou a responder ao problema de excesso de informação, mas sem recriar o poder da media de massa nos pontos de filtragem e credenciamento. Existem dois elementos centrais para esses acontecimentos: Primeiro, nos estamos começando a ver a emersão de fontes alternativas e fora do sistema de mercado, produzida entre pares para a filtragem e credenciamento ao invés de alternativas de mercado. Relevância e credenciamento são, em si próprias, bens de informação, tal como um software ou uma enciclopédia. O que nós estamos vendo na rede é que filtrar tanto por relevância quanto por credenciamento se tornou o objeto de muitas práticas de apontamento mútuo, revisão entre pares, de apontamento para fontes originais de argumentos, e sua complementação, a prática social de que aqueles que têm alguma habilidade para avaliar os argumentos de fato os comentam. O segundo elemento é uma observação contingente mas empiricamente confirmada de como os usuários em verdade usam a rede. Do ponto de vista descritivo, o curso da informação pela rede é muito mais ordenado do que uma caminhada aleatória na cacofonia do fluxo de informação poderia sugerir, e significantemente menos centralizado que o ambiente de mídia de massa. Alguns sites são muito mais visíveis e lidos que outros. Isto é verdade tanto quando alguém vê a Rede como um todo, como quando alguém vê pequenas concentrações de sítios similares ou usuários que tendem a se agrupar. A maior parte dos comentaristas que olharam para este padrão interpretou-no como a re-emersão da mídia de massa – o domínio dos poucos sites visíveis. Mas uma consideração completa dos vários elementos da literatura da topologia da rede sustenta uma interpretação muito diferente, na qual a ordem emerge no ambiente de rede sem recriar as falhas da esfera pública dominada pela mídia de massa. Sítios se concentram em volta de comunidades de interesse: Brigadas de incêndio australianas tendem a se ligar a outras brigadas de incêndio australianas, blogs (Web logs ou diários on line) políticos conservadores nos Estados Unidos a outros blogs políticos conservadores nos Estados Unidos. Em cada uma dessas concentrações, o padrão de alguns nódulos de alta visibilidade continua, mas conforme as concentrações e tornam pequenas o suficiente, muito mais sítios são moderadamente ligados uns aos outros na concentração. Através desse padrão, a rede parece estar se formando em uma coluna dorsal de atenção. Concentrações “locais” – comunidades de interesse – podem prover veto inicial e qualidades como a de revisão entre pares para contribuições individuais feitas dentro da concentração de interesse. Observações que sejam vistas como significantes dentro de uma comunidade de interesse chegam a sítios relativamente visíveis naquela concentração, de onde elas se tornam visíveis para pessoas em concentrações maiores (“regionais”). Isso continua até que uma observação percorre o caminho até sítios “super-estrelas” que centenas de milhares de pessoas podem ler e usar. Esse caminho é complementado pela prática relativamente fácil de comentários e mensagens diretamente aos sítios super-estrelas, a qual cria um atalho para uma atenção mais ampla. É razoavelmente simples de captar intuitivamente porque esses padrões podem emergir. Usuários tendem a tratar as escolhas de elos (links) de outras pessoas como indicativos do que vale a pena ler para elas. Elas não são escravizadas por isso. Não obstante; elas aplicam julgamento próprio se certos tipos de usuários – digamos, políticos inveterados de uma estirpe específica, ou fãs de um programa televisivo específico – são os melhores visionários do que será interessante para elas. O resultado é que a atenção no ambiente interligado depende mais de ser interessante a um grupo engajado do que é no ambiente da mídia de massa, onde interesse moderado de um grande número de espectadores pouco engajados é preferível. Por conta da redundância das concentrações e elos, e porque muitas concentrações são baseadas em interesse mútuo e não em investimento capital, é mais difícil comprar a atenção na Internet do que nos canais de mídia de massa, e mais difícil ainda para esmagar um ponto de vista contrário. Essas características salvam o ambiente em rede da objeção de Babel sem re-introduzir poder excessivo a uma única parte ou pequena concentração delas, e sem causar ressurgência do papel do dinheiro como uma pré-condição à habilidade para falar publicamente.


Justiça e Desenvolvimento Humano

Informação, conhecimento, e bens ricos em informação e ferramentas têm um papel significante na oportunidade econômica e no desenvolvimento humano. Apesar de a economia de informação em rede não poder resolver a fome e as doenças no mundo, a sua emergência abre avenidas razoavelmente bem definidas para se abordar e construir os requisitos básicos de justiça e desenvolvimento humano. Porque os produtos da economia de informação em rede geralmente são não-proprietários, ela dá acesso livre a um conjunto de instrumentalidades básicas de oportunidade econômica e de produtos básicos da economia de informação em rede. De uma perspectiva liberal preocupada com a justiça, no mínimo, esses produtos se tornam mais e mais facilmente acessíveis como “bens terminados” àqueles que são menos privilegiados. Mais importante, a disponibilidade de recursos de informação gratuitamente faz com que participar da economia dependa menos de transpor barreiras de acesso a financiamento e a redes sócio-transacionais que faziam sair da pobreza difícil em economias industriais. Esses recursos e ferramentas consequentemente melhoram a qualidade da oportunidade.

De uma perspectiva mais global focada no desenvolvimento humano, a liberdade de usar recursos e qualidades básicos permite uma participação melhorada na produção de informação e de componentes dependentes de informação do desenvolvimento humano. Primeiro, e atualmente mais desenvolvido, a emersão de uma grande gama de aplicativos de softwares livres torna mais fácil para países pobres e de média renda obterem capacidades fundamentais em software. Mais importante, o software livre permite a emersão de capacidades locais para prover serviços para softwares, tanto para uso nacional como para base de participação em uma indústria mundial de serviços para software, sem a necessidade de depender de permissão de empresas multinacionais de software. Publicações científicas estão começando a usar estratégias comunitárias para publicar fontes importantes de informação de forma a fazer os produtos disponíveis gratuitamente em países mais pobres. Mais ambiciosamente, nós começamos a ver, em pesquisas agriculturais, esforços públicos, sem fins lucrativos e do tipo “código aberto” combinados, sendo desenvolvidos e aplicados para problemas de inovação agricultural. O objetivo final é desenvolver um conjunto de capacidades básicas que permitiriam a colaboração entre fazendeiros e cientistas, tanto em países pobres como em volta do mundo, a desenvolver colheitas melhores e mais nutritivas, para melhorar a segurança alimentar através das regiões mais pobres do mundo. Igualmente ambiciosa, mas menos desenvolvida operacionalmente, nós estamos começando a ver recentes esforços para traduzir este sistema de inovação para produtos de saúde.

Todos esses esforços são voltados para a solução de um dos problemas mais cintilantes da pobreza, a do fraco desenvolvimento humano: Mesmo com o crescimento da opulência em economias mais abastadas – já que a informação e a inovação oferecem vidas mais longas e saudáveis que são enriquecidas por melhor acesso a informação, conhecimento, e cultura – em muitos lugares, a expectativa de vida está caindo, a mortalidade está crescendo, e o analfabetismo permanece desenfreado. Parte, mas de maneira nenhuma toda, dessa injustiça global se deve ao fato de que nós nos tornamos dependentes de um modelo de negócio proprietário, cada vez mais exclusivo, para prover alguns dos componentes informativos mais básicos do desenvolvimento humano. Na medida em que a economia da informação em rede cria novas maneiras de produzir informação, cujos produtos não são tratados como proprietários e exclusivos, mas podem ser disponibilizados gratuitamente a todos, ela oferece oportunidades modestas mas importantes para melhorar o desenvolvimento humano em todos os lugares. Nós estamos vendo os primeiros sinais da emersão de um eco sistema de inovação feito de financiamento público, “sem fins lucrativos” tradicionais, e o recém emergente setor de produção entre pares que está tornando possível avançar o desenvolvimento humano por meio de esforços cooperativos tanto em países ricos como em pobres.

Uma Cultura Crítica e Relações Sociais Interligadas

A economia da informação em rede também permite a emersão de uma cultura mais crítica e auto-reflexiva. Na década passada, alguns estudiosos de Direito – Niva Elkin Koren, Terry Fisher, Larry Lessig e Jack Balkin – começaram a examinar como a Internet democratiza a cultura. Seguindo esse trabalho, e fundado na fibra deliberativa da teoria democrática, eu sugiro que o ambiente de informação em rede nos oferece um sistema mais atrativo de produção cultural em duas maneiras diferentes (1) ele faz a cultura mais transparente; e (2) ele faz a cultura mais maleável. Juntos, estes significam que estamos presenciando o surgimento de uma nova cultura folclórica - uma prática que tem sido amplamente suprimida na era industrial de produção cultural – onde muitos mais de nós participam ativamente na produção de atos culturais e na descoberta de significado para o mundo à nossa volta. Essas práticas fazem de seus praticantes melhores “leitores” de sua própria cultura e mais auto-reflexivos e críticos da cultura que ocupam, consequentemente capacitando-os a tornarem-se participantes mais auto-reflexivos em conversas dentro daquela cultura. Isto também dá liberdade muito maior a indivíduos para participarem na criação cultural de outros, tomando “posse” delas, como diz Balkin, e fazendo a cultura que eles ocupam mais deles próprios do que era possível com cultura de mídia de massa. Nesse sentido podemos dizer que a cultura está se tornando mais democrática: auto-refletiva e participativa.

Por grande parte deste livro, eu friso as capacidades aumentadas de indivíduos como a principal força motora por trás da economia em rede da informação. Essa capacidade individual aumentada fez surgir preocupações em muitos de que a Internet aumenta a fragmentação da comunidade, continuando a longa tendência da industrialização. Um volume substancial de literatura sugere, porém, que estamos na verdade usando a Internet em detrimento da televisão, e que essa troca é boa do ponto de vista de laços sociais. Nós usamos a Internet para mantermos contato com a família e amigos próximos, tanto os geograficamente como os longe. Considerando que nós vemos uma mudança nas relações sociais, é porque, além de reforçar nossas ligações íntimas, nós estamos aumentando o alcance e a variedade das conexões menos íntimas. Seguindo Manuel Castells e Barry Wellman, eu sugiro que nós nos tornamos adeptos em preencher algumas das mesmas funções que tradicionalmente foram associadas com a importância de uma comunidade com uma rede de conexões sociais interseccionadas que são limitadas em duração e intensidade.

Quatro Comentários Metodológicos

Há quatro escolhas metodológicas representadas por esta tese que eu delineei até aqui, e, portanto, neste livro como um todo, que requerem explicação. A primeira é que eu atribuo um papel muito relevante para a tecnologia. A segunda é que eu ofereço uma explicação centrada em relações sociais, mas operando no domínio da economia, ao invés da sociologia. A terceira e a quarta são mais relacionadas à teoria política liberal. A terceira é que eu estou oferecendo uma teoria política liberal, mas seguindo um caminho que geralmente tem sido resistido nessa literatura – considerando a estrutura econômica e os limites do mercado e as instituições que o suportam de uma perspectiva da liberdade, ao invés de aceitar que o mercado é o que ele é, e defendendo ou criticando ajustes através das lentes da justiça distributiva. Quarta, meu enfoque enfatiza muito ações individuais em relações fora do sistema de mercado. Muito da discussão gira em torno da escolha entre comportamento social de mercado e fora do sistema de mercado. Em grande parte o estado não tem nenhuma participação, ou é entendido como atuando primariamente de forma negativa, de certa forma isso não ocorre nas correntes do pensamento político liberal. Neste ponto, essa tese parece mais libertária ou anárquica do que liberal. Eu não desconsidero totalmente o estado, como eu vou explicar. Mas eu alego que o que é especial neste momento é a crescente eficácia de indivíduos e afiliações frouxas e fora do sistema de mercado como agentes de política econômica. Assim como o mercado, o estado terá que se adaptar a essa nova modalidade emergente de ação humana. Teoria política liberal tem que reconhecer e entender isso antes que possa começar a renegociar a sua ordem do dia para o estado liberal, progressista ou não.


The Role of Technology in Human Affairs

The first methodological choice concerns how one should treat the role of technology in the development of human affairs. The kind of technological determinism that typified Lewis Mumford, or, specifically in the area of communications, Marshall McLuhan, is widely perceived in academia today as being too deterministic, though perhaps not so in popular culture. The contemporary effort to offer more nuanced, institution-based, and political-choice-based explanations is perhaps best typified by Paul Starr's recent and excellent work on the creation of the media. While these contemporary efforts are indeed powerful, one should not confuse a work like Elizabeth Eisenstein's carefully argued and detailed The Printing Press as an Agent of Change, with McLuhan's determinism. Assuming that technologies are just tools that happen, more or less, to be there, and are employed in any given society in a pattern that depends only on what that society and culture makes of them is too constrained. A society that has no wheel and no writing has certain limits on what it can do. Barry Wellman has imported into sociology a term borrowed from engineering-affordances./1 Langdon Winner called these the "political properties" of technologies./2 An earlier version of this idea is Harold Innis's concept of "the bias of communications."/3 In Internet law and policy debates this approach has become widely adopted through the influential work of Lawrence Lessig, who characterized it as "code is law."/4

The idea is simple to explain, and distinct from a naïve determinism. Different technologies make different kinds of human action and interaction easier or harder to perform. All other things being equal, things that are easier to do are more likely to be done, and things that are harder to do are less likely to be done. All other things are never equal. That is why technological determinism in the strict sense-if you have technology "t," you should expect social structure or relation "s" to emerge-is false. Ocean navigation had a different adoption and use when introduced in states whose land empire ambitions were effectively countered by strong neighbors-like Spain and Portugal-than in nations that were focused on building a vast inland empire, like China. Print had different effects on literacy in countries where religion encouraged individual reading-like Prussia, Scotland, England, and New England-than where religion discouraged individual, unmediated interaction with texts, like France and Spain. This form of understanding the role of technology is adopted here. Neither deterministic nor wholly malleable, technology sets some parameters of individual and social action. It can make some actions, relationships, organizations, and institutions easier to pursue, and others harder. In a challenging environment-be the challenges natural or human-it can make some behaviors obsolete by increasing the efficacy of directly competitive strategies. However, within the realm of the feasible-uses not rendered impossible by the adoption or rejection of a technology-different patterns of adoption and use can result in very different social relations that emerge around a technology. Unless these patterns are in competition, or unless even in competition they are not catastrophically less effective at meeting the challenges, different societies can persist with different patterns of use over long periods. It is the feasibility of long-term sustainability of different patterns of use that makes this book relevant to policy, not purely to theory. The same technologies of networked computers can be adopted in very different patterns. There is no guarantee that networked information technology will lead to the improvements in innovation, freedom, and justice that I suggest are possible. That is a choice we face as a society. The way we develop will, in significant measure, depend on choices we make in the next decade or so.

The Role of Economic Analysis and Methodological Individualism

It should be emphasized, as the second point, that this book has a descriptive methodology that is distinctly individualist and economic in orientation, which is hardly the only way to approach this problem. Manuel Castells's magisterial treatment of the networked society/5 locates its central characteristic in the shift from groups and hierarchies to networks as social and organizational models-looser, flexible arrangements of human affairs. Castells develops this theory as he describes a wide range of changes, from transportation networks to globalization and industrialization. In his work, the Internet fits into this trend, enabling better coordination and cooperation in these sorts of loosely affiliated networks. My own emphasis is on the specific relative roles of market and nonmarket sectors, and how that change anchors the radical decentralization that he too observes, as a matter of sociological observation. I place at the core of the shift the technical and economic characteristics of computer networks and information. These provide the pivot for the shift toward radical decentralization of production. They underlie the shift from an information environment dominated by proprietary, market-oriented action, to a world in which nonproprietary, nonmarket transactional frameworks play a large role alongside market production. This newly emerging, nonproprietary sector affects to a substantial degree the entire information environment in which individuals and societies live their lives. If there is one lesson we can learn from globalization and the ever-increasing reach of the market, it is that the logic of the market exerts enormous pressure on existing social structures. If we are indeed seeing the emergence of a substantial component of nonmarket production at the very core of our economic engine-the production and exchange of information, and through it of information-based goods, tools, services, and capabilities-then this change suggests a genuine limit on the extent of the market. Such a limit, growing from within the very market that it limits, in its most advanced loci, would represent a genuine shift in direction for what appeared to be the ever-increasing global reach of the market economy and society in the past half century.

Economic Structure in Liberal Political Theory

The third point has to do with the role of economic structure in liberal political theory. My analysis in this regard is practical and human centric. By this, I mean to say two things: First, I am concerned with human beings, with individuals as the bearers of moral claims regarding the structure of the political and economic systems they inhabit. Within the liberal tradition, the position I take is humanistic and general, as opposed to political and particular. It is concerned first and foremost with the claims of human beings as human beings, rather than with the requirements of democracy or the entitlements of citizenship or membership in a legitimate or meaningfully self-governed political community. There are diverse ways of respecting the basic claims of human freedom, dignity, and well-being. Different liberal polities do so with different mixes of constitutional and policy practices. The rise of global information economic structures and relationships affects human beings everywhere. In some places, it complements democratic traditions. In others, it destabilizes constraints on liberty. An understanding of how we can think of this moment in terms of human freedom and development must transcend the particular traditions, both liberal and illiberal, of any single nation. The actual practice of freedom that we see emerging from the networked environment allows people to reach across national or social boundaries, across space and political division. It allows people to solve problems together in new associations that are outside the boundaries of formal, legal-political association. In this fluid social economic environment, the individual's claims provide a moral anchor for considering the structures of power and opportunity, of freedom and well-being. Furthermore, while it is often convenient and widely accepted to treat organizations or communities as legal entities, as "persons," they are not moral agents. Their role in an analysis of freedom and justice is derivative from their role-both enabling and constraining-as structuring context in which human beings, the actual moral agents of political economy, find themselves. In this regard, my positions here are decidedly "liberal," as opposed to either communitarian or critical.

Second, I am concerned with actual human beings in actual historical settings, not with representations of human beings abstracted from their settings. These commitments mean that freedom and justice for historically situated individuals are measured from a first-person, practical perspective. No constraints on individual freedom and no sources of inequality are categorically exempt from review, nor are any considered privileged under this view. Neither economy nor cultural heritage is given independent moral weight. A person whose life and relations are fully regimented by external forces is unfree, no matter whether the source of regimentation can be understood as market-based, authoritarian, or traditional community values. This does not entail a radical anarchism or libertarianism. Organizations, communities, and other external structures are pervasively necessary for human beings to flourish and to act freely and effectively. This does mean, however, that I think of these structures only from the perspective of their effects on human beings. Their value is purely derivative from their importance to the actual human beings that inhabit them and are structured-for better or worse-by them. As a practical matter, this places concern with market structure and economic organization much closer to the core of questions of freedom than liberal theory usually is willing to do. Liberals have tended to leave the basic structure of property and markets either to libertarians-who, like Friedrich Hayek, accepted its present contours as "natural," and a core constituent element of freedom-or to Marxists and neo-Marxists. I treat property and markets as just one domain of human action, with affordances and limitations. Their presence enhances freedom along some dimensions, but their institutional requirements can become sources of constraint when they squelch freedom of action in nonmarket contexts. Calibrating the reach of the market, then, becomes central not only to the shape of justice or welfare in a society, but also to freedom.

Whither the State?

The fourth and last point emerges in various places throughout this book, but deserves explicit note here. What I find new and interesting about the networked information economy is the rise of individual practical capabilities, and the role that these new capabilities play in increasing the relative salience of nonproprietary, often nonmarket individual and social behavior. In my discussion of autonomy and democracy, of justice and a critical culture, I emphasize the rise of individual and cooperative private action and the relative decrease in the dominance of market-based and proprietary action. Where in all this is the state? For the most part, as you will see particularly in chapter 11, the state in both the United States and Europe has played a role in supporting the market-based industrial incumbents of the twentieth-century information production system at the expense of the individuals who make up the emerging networked information economy. Most state interventions have been in the form of either captured legislation catering to incumbents, or, at best, well-intentioned but wrongheaded efforts to optimize the institutional ecology for outdated modes of information and cultural production. In the traditional mapping of political theory, a position such as the one I present here-that freedom and justice can and should best be achieved by a combination of market action and private, voluntary (not to say charitable) nonmarket action, and that the state is a relatively suspect actor-is libertarian. Perhaps, given that I subject to similar criticism rules styled by their proponents as "property"-like "intellectual property" or "spectrum property rights"-it is anarchist, focused on the role of mutual aid and highly skeptical of the state. (It is quite fashionable nowadays to be libertarian, as it has been for a few decades, and more fashionable to be anarchist than it has been in a century.)

The more modest truth is that my position is not rooted in a theoretical skepticism about the state, but in a practical diagnosis of opportunities, barriers, and strategies for achieving improvements in human freedom and development given the actual conditions of technology, economy, and politics. I have no objection in principle to an effective, liberal state pursuing one of a range of liberal projects and commitments. Here and there throughout this book you will encounter instances where I suggest that the state could play constructive roles, if it stopped listening to incumbents for long enough to realize this. These include, for example, municipal funding of neutral broadband networks, state funding of basic research, and possible strategic regulatory interventions to negate monopoly control over essential resources in the digital environment. However, the necessity for the state's affirmative role is muted because of my diagnosis of the particular trajectory of markets, on the one hand, and individual and social action, on the other hand, in the digitally networked information environment. The particular economics of computation and communications; the particular economics of information, knowledge, and cultural production; and the relative role of information in contemporary, advanced economies have coalesced to make nonmarket individual and social action the most important domain of action in the furtherance of the core liberal commitments. Given these particular characteristics, there is more freedom to be found through opening up institutional spaces for voluntary individual and cooperative action than there is in intentional public action through the state. Nevertheless, I offer no particular reasons to resist many of the roles traditionally played by the liberal state. I offer no reason to think that, for example, education should stop being primarily a state-funded, public activity and a core responsibility of the liberal state, or that public health should not be so. I have every reason to think that the rise of nonmarket production enhances, rather than decreases, the justifiability of state funding for basic science and research, as the spillover effects of publicly funded information production can now be much greater and more effectively disseminated and used to enhance the general welfare.

The important new fact about the networked environment, however, is the efficacy and centrality of individual and collective social action. In most domains, freedom of action for individuals, alone and in loose cooperation with others, can achieve much of the liberal desiderata I consider throughout this book. From a global perspective, enabling individuals to act in this way also extends the benefits of liberalization across borders, increasing the capacities of individuals in nonliberal states to grab greater freedom than those who control their political systems would like. By contrast, as long as states in the most advanced market-based economies continue to try to optimize their institutional frameworks to support the incumbents of the industrial information economy, they tend to threaten rather than support liberal commitments. Once the networked information economy has stabilized and we come to understand the relative importance of voluntary private action outside of markets, the state can begin to adjust its policies to facilitate nonmarket action and to take advantage of its outputs to improve its own support for core liberal commitments.

The Stakes of It All: The Battle Over the Institutional Ecology of the Digital Environment

No benevolent historical force will inexorably lead this technological-economic moment to develop toward an open, diverse, liberal equilibrium. If the transformation I describe as possible occurs, it will lead to substantial redistribution of power and money from the twentieth-century industrial producers of information, culture, and communications-like Hollywood, the recording industry, and perhaps the broadcasters and some of the telecommunications services giants-to a combination of widely diffuse populations around the globe, and the market actors that will build the tools that make this population better able to produce its own information environment rather than buying it ready-made. None of the industrial giants of yore are taking this reallocation lying down. The technology will not overcome their resistance through an insurmountable progressive impulse. The reorganization of production and the advances it can bring in freedom and justice will emerge, therefore, only as a result of social and political action aimed at protecting the new social patterns from the incumbents' assaults. It is precisely to develop an understanding of what is at stake and why it is worth fighting for that I write this book. I offer no reassurances, however, that any of this will in fact come to pass.

The battle over the relative salience of the proprietary, industrial models of information production and exchange and the emerging networked information economy is being carried out in the domain of the institutional ecology of the digital environment. In a wide range of contexts, a similar set of institutional questions is being contested: To what extent will resources necessary for information production and exchange be governed as a commons, free for all to use and biased in their availability in favor of none? To what extent will these resources be entirely proprietary, and available only to those functioning within the market or within traditional forms of well-funded nonmarket action like the state and organized philanthropy? We see this battle played out at all layers of the information environment: the physical devices and network channels necessary to communicate; the existing information and cultural resources out of which new statements must be made; and the logical resources-the software and standards-necessary to translate what human beings want to say to each other into signals that machines can process and transmit. Its central question is whether there will, or will not, be a core common infrastructure that is governed as a commons and therefore available to anyone who wishes to participate in the networked information environment outside of the market-based, proprietary framework.

This is not to say that property is in some sense inherently bad. Property, together with contract, is the core institutional component of markets, and a core institutional element of liberal societies. It is what enables sellers to extract prices from buyers, and buyers to know that when they pay, they will be secure in their ability to use what they bought. It underlies our capacity to plan actions that require use of resources that, without exclusivity, would be unavailable for us to use. But property also constrains action. The rules of property are circumscribed and intended to elicit a particular datum-willingness and ability to pay for exclusive control over a resource. They constrain what one person or another can do with regard to a resource; that is, use it in some ways but not others, reveal or hide information with regard to it, and so forth. These constraints are necessary so that people must transact with each other through markets, rather than through force or social networks, but they do so at the expense of constraining action outside of the market to the extent that it depends on access to these resources.

Commons are another core institutional component of freedom of action in free societies, but they are structured to enable action that is not based on exclusive control over the resources necessary for action. For example, I can plan an outdoor party with some degree of certainty by renting a private garden or beach, through the property system. Alternatively, I can plan to meet my friends on a public beach or at Sheep's Meadow in Central Park. I can buy an easement from my neighbor to reach a nearby river, or I can walk around her property using the public road that makes up our transportation commons. Each institutional framework-property and commons-allows for a certain freedom of action and a certain degree of predictability of access to resources. Their complementary coexistence and relative salience as institutional frameworks for action determine the relative reach of the market and the domain of nonmarket action, both individual and social, in the resources they govern and the activities that depend on access to those resources. Now that material conditions have enabled the emergence of greater scope for nonmarket action, the scope and existence of a core common infrastructure that includes the basic resources necessary to produce and exchange information will shape the degree to which individuals will be able to act in all the ways that I describe as central to the emergence of a networked information economy and the freedoms it makes possible.

At the physical layer, the transition to broadband has been accompanied by a more concentrated market structure for physical wires and connections, and less regulation of the degree to which owners can control the flow of information on their networks. The emergence of open wireless networks, based on "spectrum commons," counteracts this trend to some extent, as does the current apparent business practice of broadband owners not to use their ownership to control the flow of information over their networks. Efforts to overcome the broadband market concentration through the development of municipal broadband networks are currently highly contested in legislation and courts. The single most threatening development at the physical layer has been an effort driven primarily by Hollywood, over the past few years, to require the manufacturers of computation devices to design their systems so as to enforce the copyright claims and permissions imposed by the owners of digital copyrighted works. Should this effort succeed, the core characteristic of computers-that they are general-purpose devices whose abilities can be configured and changed over time by their owners as uses and preferences change-will be abandoned in favor of machines that can be trusted to perform according to factory specifications, irrespective of what their owners wish. The primary reason that these laws have not yet passed, and are unlikely to pass, is that the computer hardware and software, and electronics and telecommunications industries all understand that such a law would undermine their innovation and creativity. At the logical layer, we are seeing a concerted effort, again headed primarily by Hollywood and the recording industry, to shape the software and standards to make sure that digitally encoded cultural products can continue to be sold as packaged goods. The Digital Millennium Copyright Act and the assault on peer-to-peer technologies are the most obvious in this regard.

More generally information, knowledge, and culture are being subjected to a second enclosure movement, as James Boyle has recently explored in depth. The freedom of action for individuals who wish to produce information, knowledge, and culture is being systematically curtailed in order to secure the economic returns demanded by the manufacturers of the industrial information economy. A rich literature in law has developed in response to this increasing enclosure over the past twenty years. It started with David Lange's evocative exploration of the public domain and Pamela Samuelson's prescient critique of the application of copyright to computer programs and digital materials, and continued through Jessica Litman's work on the public domain and digital copyright and Boyle's exploration of the basic romantic assumptions underlying our emerging "intellectual property" construct and the need for an environmentalist framework for preserving the public domain. It reached its most eloquent expression in Lawrence Lessig's arguments for the centrality of free exchange of ideas and information to our most creative endeavors, and his diagnoses of the destructive effects of the present enclosure movement. This growing skepticism among legal academics has been matched by a long-standing skepticism among economists (to which I devote much discussion in chapter 2). The lack of either analytic or empirical foundation for the regulatory drive toward ever-stronger proprietary rights has not, however, resulted in a transformed politics of the regulation of intellectual production. Only recently have we begun to see a politics of information policy and "intellectual property" emerge from a combination of popular politics among computer engineers, college students, and activists concerned with the global poor; a reorientation of traditional media advocates; and a very gradual realization by high-technology firms that rules pushed by Hollywood can impede the growth of computer-based businesses. This political countermovement is tied to quite basic characteristics of the technology of computer communications, and to the persistent and growing social practices of sharing-some, like p2p (peer-to-peer) file sharing, in direct opposition to proprietary claims; others, increasingly, are instances of the emerging practices of making information on nonproprietary models and of individuals sharing what they themselves made in social, rather than market patterns. These economic and social forces are pushing at each other in opposite directions, and each is trying to mold the legal environment to better accommodate its requirements. We still stand at a point where information production could be regulated so that, for most users, it will be forced back into the industrial model, squelching the emerging model of individual, radically decentralized, and nonmarket production and its attendant improvements in freedom and justice.

Social and economic organization is not infinitely malleable. Neither is it always equally open to affirmative design. The actual practices of human interaction with information, knowledge, and culture and with production and consumption are the consequence of a feedback effect between social practices, economic organization, technological affordances, and formal constraints on behavior through law and similar institutional forms. These components of the constraints and affordances of human behavior tend to adapt dynamically to each other, so that the tension between the technological affordances, the social and economic practices, and the law are often not too great. During periods of stability, these components of the structure within which human beings live are mostly aligned and mutually reinforce each other, but the stability is subject to shock at any one of these dimensions. Sometimes shock can come in the form of economic crisis, as it did in the United States during the Great Depression. Often it can come from an external physical threat to social institutions, like a war. Sometimes, though probably rarely, it can come from law, as, some would argue, it came from the desegregation decision in Brown v. Board of Education. Sometimes it can come from technology; the introduction of print was such a perturbation, as was, surely, the steam engine. The introduction of the high-capacity mechanical presses and telegraph ushered in the era of mass media. The introduction of radio created a similar perturbation, which for a brief moment destabilized the mass-media model, but quickly converged to it. In each case, the period of perturbation offered more opportunities and greater risks than the periods of relative stability. During periods of perturbation, more of the ways in which society organizes itself are up for grabs; more can be renegotiated, as the various other components of human stability adjust to the changes. To borrow Stephen Jay Gould's term from evolutionary theory, human societies exist in a series of punctuated equilibria. The periods of disequilibrium are not necessarily long. A mere twenty-five years passed between the invention of radio and its adaptation to the mass-media model. A similar period passed between the introduction of telephony and its adoption of the monopoly utility form that enabled only one-to-one limited communications. In each of these periods, various paths could have been taken. Radio showed us even within the past century how, in some societies, different paths were in fact taken and then sustained over decades. After a period of instability, however, the various elements of human behavioral constraint and affordances settled on a new stable alignment. During periods of stability, we can probably hope for little more than tinkering at the edges of the human condition.

This book is offered, then, as a challenge to contemporary liberal democracies. We are in the midst of a technological, economic, and organizational transformation that allows us to renegotiate the terms of freedom, justice, and productivity in the information society. How we shall live in this new environment will in some significant measure depend on policy choices that we make over the next decade or so. To be able to understand these choices, to be able to make them well, we must recognize that they are part of what is fundamentally a social and political choice-a choice about how to be free, equal, productive human beings under a new set of technological and economic conditions. As economic policy, allowing yesterday's winners to dictate the terms of tomorrow's economic competition would be disastrous. As social policy, missing an opportunity to enrich democracy, freedom, and justice in our society while maintaining or even enhancing our productivity would be unforgivable.

Footnotes

1. Barry Wellman et al., "The Social Affordances of the Internet for Networked Individualism," JCMC 8, no. 3 (April 2003).

2. Langdon Winner, ed., "Do Artifacts Have Politics?" in The Whale and The Reactor: A Search for Limits in an Age of High Technology (Chicago: University of Chicago Press, 1986), 19-39.

3. Harold Innis, The Bias of Communication (Toronto: University of Toronto Press, 1951). Innis too is often lumped with McLuhan and Walter Ong as a technological determinist. His work was, however, one of a political economist, and he emphasized the relationship between technology and economic and social organization, much more than the deterministic operation of technology on human cognition and capability.

4. Lawrence Lessig, Code and Other Laws of Cyberspace (New York: Basic Books, 1999).

5. Manuel Castells, The Rise of Networked Society (Cambridge, MA, and Oxford: Blackwell Publishers, 1996). -->


Atenção: Esta tradução ainda está incompleta.

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